Mês: Fevereiro 2022
6º episódio do podcast: A chave para uma relação de confiança entre médico e doente
A conversa, moderada pela jornalista Lúcia Gonçalves, conta com as participações de Renato Sousa (Doente com Cancro no Pulmão Metastizado), Susana Sousa (Médica Oncologista do IPO-Porto) e Flávio Videira (Cirurgião e Orientador da Clínica de Patologia Digestiva).
“As emoções refletem-se no nosso organismo e ter um pensamento positivo influencia a evolução dos tratamentos“, reflete a jornalista Lúcia Gonçalves, que traz a debate a necessidade de se compreender a chave para a existência de uma relação de confiança entre o médico e o doente.
“A palavra cancro, por si só, é assustadora”, revela Renato, que, após receber o diagnóstico, costumava consultar o Google e as estatísticas para tentar saber o que lhe podia acontecer. Mas a relação de confiança com a equipa médica que o acompanha ajudou-o a compreender que nem sempre estamos preparados para ouvir todas as respostas e que este é um caminho com poucas certezas, optando por querer saber apenas o necessário. Para Renato, neste percurso “cria-se uma relação entre médico-doente e ainda bem que se cria”.
Da perspetiva do médico, a oncologista Susana Sousa afirma que “ninguém nos ensina a comunicar” com os doentes. Parte de cada profissional de saúde saber falar e ouvir com cuidado e tentar colocar-se sempre “do outro lado da secretária”. A transmissão da informação com clareza torna-se fundamental na criação de uma relação de confiança com o doente. Contudo, esta comunicação pode, muitas vezes, ser interpretada como “fria”, porque o médico procura explicar a doença, os tratamentos e as sequelas, apesar de tentar sempre passar uma mensagem positiva de esperança de que tudo vai correr pelo melhor.
Para o cirurgião Flávio Videira, “aqui não há só médicos e não há só o meu médico“. Apesar de a relação de confiança ser fulcral entre o médico e o doente, existem outros profissionais de saúde que devem garantir a mesma. Isto é, além da confiança na relação médico-doente, deve haver confiança institucional, que diz respeito à ajuda e acompanhamento do caso do doente oncológico por parte do enfermeiro, quando o médico não consegue atender. O IPO-Porto oferece e cria esta confiança institucional, de forma a que o doente não seja prejudicado.
Assista ao episódio completo para conhecer os testemunhos de todos os participantes e não perca o próximo episódio do podcast “Cancro sem Temor”, que terá como tema “Falar no fim”.
5º episódio do podcast “Cancro sem Temor” aborda os desafios dos doentes oncológicos jovens
Importa perceber que, embora a predisposição genética e o estilo de vida sejam fatores relevantes para o diagnóstico do cancro, a idade também pode ser um fator de risco e, por vezes, pode ser desvalorizado, não só pelos próprios doentes, como por familiares e até clínicos – “Alguém que vai à consulta ou à urgência duas vezes pela mesma queixa, temos que investigar, porque alguma coisa se passa.“, refere a Ana Ferreira. Ainda assim, há muitos doentes que desencadeiam esta patologia em idade jovem.
Há 11 anos, Daniela descobriu que tinha um “caroço” enquanto tomava banho e, em consequência disso, foi fazer uma ecografia, e os resultados revelaram que tinha um carcinoma da mama: “Quando cheguei à consulta foi-me dada a notícia e aí sim, desabei… desatei a chorar. Mas ao mesmo tempo pensei “Agora é para ir para a frente e perceber qual o próximo passo.”
“Uma pessoa pergunta: porquê eu?” Daniela aborda os desafios, físicos e psicológicos, pelos quais os jovens doentes oncológicos têm de passar, como o momento em que decidem rapar o cabelo, o processo de realizar, neste caso, uma mastectomia e o de poder ser tratada de forma diferente. Neste âmbito, sempre pôde contar com o apoio da família e do grupo de amigas, do qual Rosa Sobral faz parte e que assume “Eu lembro-me de lhe responder: não te preocupes que eu vou estar contigo em todos os momentos. E efetivamente estive em todas as sessões quimio e todas as sessões de radio”.
A especialista em oncologia, Ana Ferreira, relembra que o cancro da mama é o carcinoma mais frequente entre os 20 e os 30 anos, assim como os tumores ginecológicos, e, assim sendo, alerta para os possíveis sinais e sintomas que o corpo transmite. Além disso, dá também o seu parecer sobre as patologias mais comuns nas idades mais jovens, especificamente entre os 15 e os 39 anos, como as doenças hematológicas, assim como os cuidados e tratamentos requeridos.
O episódio destaca também o papel dos profissionais de saúde em todo o processo, fundamental para os doentes manterem um espírito positivo e de confiança, para que sintam que podem continuar a viver a sua vida na plenitude, mantendo-se informados sobre tudo o que envolve cada parte do processo.
O próximo episódio do podcast “Cancro sem Temor” tem como tema “Cuidar. Comunicar. Confiar.” e aborda a importância da comunicação e confiança no médico e equipa que acompanha o doente.