Mês: Junho 2024

A investigação, liderada por José Alexandre Ferreira, investigador do Grupo de Patologia e Terapêutica Experimental do CI-IPOP, e conduzida por Rui Freitas, aluno de doutoramento do mesmo grupo, destaca a importância da investigação dos glicanos e proteínas a eles associadas (glicoproteínas), permitindo expandir o repertório de antigénios tumorais para atingir a célula tumoral com maior precisão.

O investigador explica que o processo envolveu várias etapas, desde a identificação de glicoproteínas específicas nos tumores até à implementação de abordagens biotecnológicas para sintetizar a vacina. Testes em animais já realizados confirmam a sua segurança e capacidade para estimular o sistema imunitário a reconhecer especificamente células tumorais.

Apesar dos resultados promissores, José Alexandre Ferreira enfatiza que ainda existem desafios muito relevantes a serem superados antes da aplicação clínica da vacina. Um dos principais é a capacidade de superar o ambiente imunossupressor induzido pelos tumores mais agressivos. Para enfrentar isso, a equipa está a explorar novas moléculas que permitirão aumentar a resposta imunitária do corpo, bem como a combinação com terapias já existentes.

A vacina está atualmente em testes pré-clínicos para tumores digestivos e urológicos, mas os investigadores acreditam que ela possa ser aplicada a uma variedade de tipos de cancro no futuro. Espera-se que a abordagem possa melhorar significativamente os tratamentos existentes e contribuir para prevenir a recidiva da doença.

A invenção já foi patenteada e o estudo publicado no Journal of Controlled Release (https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0168365924000804), envolvendo uma colaboração entre investigadores do CI-IPOP-RISE, i3S e ICBAS/FCUP e REQUIMTE. Este trabalho foi ainda financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) através dos projectos RESOLVE (https://doi.org/10.54499/PTDC/MED-OUT/2512/2021) e REVERENT (https://doi.org/10.54499/2022.03621.PTDC).

“É essencial colocar em prática uma visão de excelência em Oncologia, assente em processos de certificação e melhoria da qualidade, adaptada à realidade concreta dos serviços de saúde e ecossistema de investigação de cada país”, explica Júlio Oliveira, sublinhando que “O modelo de Comprehensive Cancer Center tem sido aprimorado durante décadas e baseia-se nos cuidados centrados no doente, na multidisciplinariedade, investigação, educação e desenvolvimento de instrumentos de gestão que permitam a melhoria contínua do serviço prestado pelos centros oncológicos. Dada a crescente complexidade do tratamento do cancro, os desafios da sustentabilidade financeira para os sistemas de saúde, a necessidade de combater as assimetrias de acesso existentes entre países europeus (e dentro dos próprios países), importa trabalhar, cada vez mais, em políticas a uma escala europeia que se traduzam em soluções concretas para os cidadãos, na melhoria da qualidade de vida e na equidade de acesso à inovação terapêutica. Esta nomeação surge como reconhecimento, por parte dos líderes das instituições parceiras, do trabalho desenvolvido pelo IPO Porto”, reforça o presidente do IPO do Porto.

Recorde-se que o Instituto foi reconhecido pela Organization Of European Cancer Institutes (OECI), pela primeira vez, em 2011, no âmbito das melhores práticas de organização dos cuidados oncológicos. Renovada a distinção em 2017 e 2023 e continua a ser o único hospital português com este título de atribuição internacional.

A missão da OECI é reunir as instituições de investigação, diagnóstico e tratamento do cancro na Europa, a fim de criar uma massa crítica de conhecimentos e competências com vista a construir e manter um consenso sobre os melhores modelos e soluções em oncologia para melhorar a qualidade de vida dos pacientes na UE.