7º e último episódio do podcast “Cancro sem Temor” aborda o tema “Falar no Fim”
Moderado pela jornalista e moderadora do podcast, Lúcia Gonçalves, o episódio reflete sobre como é que o fim pode ser amparado e preparado da melhor forma para o doente e para a família. Os convidados são Sandra Santos, filha de doente oncológica seguida no Serviço de Cuidados Paliativos do IPO-Porto; Paula Silva, Diretora do Serviço de Cuidados Paliativos do IPO-Porto; e Susana Moutinho, Psicóloga do IPO-Porto que acompanha o Serviço de Cuidados Paliativos há mais de 20 anos,
“Sendo o cancro uma doença associada ao nosso envelhecimento, temos tendência a relacionar a um final de vida”, menciona a jornalista Lúcia Gonçalves, referindo-se a um dos maiores estigmas em relação às doenças oncológicas. É desta forma que introduz o caso da mãe de Sandra Santos, que foi diagnosticada com cancro da mama em 2019.
Sandra explica como acompanhou a sua mãe nos seus últimos meses, principalmente a partir do momento em que foi sinalizada pelos Cuidados Paliativos. Foi um momento complicado, dado que teria perdido o seu pai três anos antes, também por uma doença oncológica. “A dicotomia entre querer ficar e não se importar de ir fê-la ter muitos momentos de grande fragilidade emocional“. Mas acredita que o que ajudou a sua mãe na sua fase terminal foi o amor dado por si e pelo seu irmão.
É neste âmbito que a diretora Paula Silva afirma que “os Cuidados Paliativos não são só para os doentes em fim de vida. Deveriam começar numa fase anterior”. Quando se considera que não há benefício em continuar com tratamentos dirigidos à doença, é proposto o seguimento por Cuidados Paliativos. Contudo, o doente vê a transição da Oncologia Médica para os Cuidados Paliativos como uma situação de terminalidade iminente, o que não é necessariamente verdade. Mas constata que quando se fala de um doente com doença oncológica, avançada e em progressão, os médicos deixam de estar focados na doença para estarem focados no doente.
A psicologia Susana Moutinho acrescenta ainda que “o nosso papel enquanto psicólogos é ajudar o doente a exprimir as suas emoções, a minimizar esse sofrimento e a dar um novo significado à vida das pessoas“. No entanto, apesar de o foco ser maior no doente, também deve haver uma preocupação com a família, visto que é um momento de grande fragilidade. Neste sentido, aborda o conceito de exaustão do cuidador e explica que procura ajudar a família a perceber que é humana, que tem limites e que tem de se auto-cuidar para poder cuidar do doente.
Termina, assim, a temporada do podcast “Cancro sem Temor”, que poderá rever nas plataformas habituais. Estamos motivados em continuar a ajudar os doentes oncológicos e as suas famílias, de forma a que se sintam mais acolhidos, informados e apoiados.