10 Setembro 2021
Testemunhos de Sobrevivência Grupo de Veteranos
A propósito da campanha Setembro Dourado, mês de sensibilização do cancro infantil, o Serviço de Pediatria do IPO do Porto em parceria com o Grupo de Veteranos, partilham um conjunto de testemunhos de jovens adultos que em criança venceram a doença e são a prova de que há um futuro risonho e promissor.
- “O caminho não foi fácil. Muita quimio e radioterapia. Todos estes processos enfraqueceram-me. O cabelo, as pestanas e as sobrancelhas foram desaparecendo com os tratamentos. As forças físicas faltavam, a boca seca e cheia de feridas e de aftas dificultavam muito a alimentação. Com o tempo, perdi a capacidade de abrir a boca. As saudades de casa, do meu quarto, da minha cama e até da escola, apertavam de tal forma que a vontade de regressar superava isto tudo, fazia quase esquecer todo o sofrimento e deram-me muita força para enfrentar a doença.”
Ana Rita, 33 anos. Teve um Rabdiomiossarcoma aos 7 anos de idade.
- “O importante é nunca desistirmos daquilo que queremos e que, acima de tudo, devemos aproveitar bem o tempo com as pessoas que mais amamos porque o amanhã é uma incógnita. O que importa é o presente e estarmos bem, felizes, pois o futuro vai-se construindo. Quem tem força e vontade de vencer esta doença consegue vencer todos os obstáculos! Encara esta situação como um desafio que a vida te colocou e sente-te sempre orgulhoso de ti e da tua
vontade de vencer!”
Diana, 27 anos, casada e com 1 filho. Teve uma Leucemia Mieloblástica Aguda aos 11 anos de idade.
- “Foi aqui no IPO que conheci o melhor grupo de amigos que tenho até aos dias de hoje. E, para além de amigos, somos também um grupo de jovens que se prontifica a ajudar todos aqueles que passam por esta fase difícil da sua vida que é ter um cancro, dando como exemplos os nossos testemunhos, esclarecendo duvidas que possam ter, fazendo companhia àqueles que precisarem e tentando passar a mensagem de que ter cancro não é o fim de nada e pode
tornar-se no inicio de muitas coisas boas. Com a minha história, pretendo espalhar a mensagem de que juntos somos mais fortes e quem faz esta caminhada, nunca caminha sozinho.”
Hélder, 32 anos. Teve um Germinoma aos 11 anos de idade.
- “Através de uma luta que, apesar de dura, não foi invencível cresci muito como pessoa e este meu testemunho é só mais uma prova disso. Para ti, que enfrentas os mesmos medos e dilemas que eu enfrentei, mantêm-te positivo e com força para que, no futuro, sejas tu a contar a tua história.”
João, 32 anos. Teve uma Leucemia Linfoblástica Aguda aos 11 anos de idade.
- “Através dos rostos dos meus pais, soube que o resultado era mau e, então, a médica disse-me que a doença tinha voltado. Naquele momento só fiz uma pergunta: vou ter que deixar a escola? A médica disse-me que sim. No regresso a casa, vinha muito triste mas, ao mesmo tempo, fiquei surpreendida com a atitude do meu namorado, que me disse que ficava comigo sempre e que me ia dar forças para ultrapassar esta etapa. Mesmo naquele momento de grande angústia, fiquei feliz. Prometi a mim mesma que ia ter força e coragem para ultrapassar novamente a doença, pois tinha uma vida pela frente, juntamente com uma pessoa que me fazia feliz.”
Mariline, 29 anos, casada. Teve um Linfoma de Hodgkin aos 10 anos de idade.
- “Nasci com um fibrossarcoma congénito agudo, na cabeça. Na altura, o conhecimento desta doença em crianças ainda era muito primitivo, por esse motivo tudo era objeto de estudo! Foi difícil não saber como seria o amanhã sobretudo para os meus pais! No entanto, cresci alegre e feliz como qualquer criança, estudei, fiz desporto e algumas asneiras também. Com alguns avanços e recuos da doença, alguns sustos e várias “visitas” ao hospital ao longo de vários anos, mas que nunca me impediram de sonhar e de viver. Tenho 35 anos, sou mãe, esposa e uma vida inteira pela frente a sorrir. Quando olho para trás não vejo tristeza vejo uma luta com muito amor à minha volta…”
Andreia, 35 anos, educadora de infância e fotógrafa, união de facto, 1 filho. Teve um Fibrossarcoma à nascença.
Todos este excertos são de um livro que o Grupo de Veteranos, ex-doentes do Serviço de Pediatria do IPO do Porto, editou em 2014 em parceria com a Liga Portuguesa Contra o Cancro.