Investigadora do IPO Porto distinguida com Prémio Maria de Sousa 2025
Com 28 anos, Catarina Lopes integra o grupo de investigação Abordagem de Lesões Precursoras e Cancro Precoce (PRECAM), focado na deteção precoce do cancro gástrico. O prémio reconhece o projeto “SNIFF: Compostos orgânicos voláteis em saliva para deteção não invasiva de cancro gástrico”, que terá início em janeiro de 2026 e uma duração de dois anos.
A investigação será desenvolvida em colaboração com outros investigadores do IPO Porto, nomeadamente Mário Dinis Ribeiro, investigador sénior e Diretor do Departamento de Medicina, Catarina Brandão, Diretora do Serviço de Gastrenterologia, e Ana Pereira, investigadora auxiliar. O projeto envolve ainda parceiros externos, incluindo o Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia (INL) e a Medical University of Gdańsk, na Polónia, onde a investigadora principal realizará um estágio num centro internacional de excelência.
Saliva pode ajudar a detetar cancro do estômago mais cedo
O cancro gástrico é frequentemente diagnosticado numa fase avançada, reduzindo as hipóteses de tratamento e sobrevivência. O projeto SNIFF pretende desenvolver um teste não invasivo semelhante a um “nariz eletrónico”, capaz de identificar compostos orgânicos voláteis presentes na saliva e associados ao desenvolvimento da doença.
Estas moléculas – libertadas pelo corpo e influenciadas pela microbiota – funcionam como “assinaturas químicas”, que podem sinalizar alterações celulares e metabólicas características do cancro. A ambição é criar uma solução simples, acessível e de baixo custo que permita encaminhar precocemente as pessoas com maior risco para exames endoscópicos de diagnóstico.
Este projeto contribuirá de forma direta para o avanço da investigação em cancro gástrico, um dos grandes objetivos científicos do grupo PRECAM do Centro de Investigação do IPO Porto, estando totalmente alinhado com as linhas estratégicas do Instituto na aposta em métodos inovadores e precoces de diagnóstico.
“Receber o Prémio Maria de Sousa é um enorme incentivo para continuar a contribuir para um dos grandes objetivos do nosso grupo no IPO Porto: desenvolver métodos não invasivos para a deteção precoce do cancro. Este projeto representa uma nova abordagem nesse sentido, explorando o potencial da saliva, o mesmo tipo de amostra que estudei durante o doutoramento, como ferramenta simples e acessível para identificar precocemente o cancro do estômago. Acredito que soluções deste tipo podem ter um impacto real na deteção atempada e no futuro dos doentes oncológicos.”
explica Catarina Lopes.
Formação e percurso
Catarina Lopes é licenciada e mestre em Bioquímica e doutoranda em Biotecnologia Molecular e Celular pela Universidade do Porto, com investigação aplicada ao cancro gástrico precoce. O seu trabalho integra biologia molecular, bioinformática, recolha e processamento de amostras clínicas e validação experimental.
Atualmente integra o grupo PRECAM no âmbito do projeto europeu AIDA, dedicado ao desenvolvimento de dispositivos de diagnóstico assistidos por inteligência artificial, e é colaboradora visitante no Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia (INL).